quarta-feira, 3 de junho de 2009

A revolução dos formatos

Por Kid Vinil, colunista do Yahoo! Brasil

Um assunto muito discutido atualmente é justamente essa mudança de formato na música. Muito já se falou sobre o fim do CD, mas o mercado fonográfico ainda aposta no formato. A prova mais recente é o lançamento do novo álbum do rapper norte-americano Eminem, que já atingiu a marca de 1 milhão de cópias nos EUA.

Vender tal quantia nos dias de hoje é para poucos, recentemente o jornal inglês New Musical Express publicou números assustadores sobre as venda do novo álbum do U2 "No Line On The Horizon". Na verdade existia uma grande expectativa de vendas por parte da gravadora, que colocou até edições especiais no mercado para atrair fãs e colecionadores. Apesar de toda essa campanha, o novo CD do U2 não chegou às 100 mil cópias na Inglaterra, e nos EUA as vendas também foram abaixo das expectativas. Isso é um dado preocupante para a ameaçada indústria do disco. Infelizmente uma realidade dos nossos dias, as vendas cairam e as gravadoras começam a pensar em formatos alternativos.

A volta do vinil
Desde o ano passado o que mais se comenta por aí é esse resgate do formato em vinil. As grandes gravadoraras aderiram ao costume já praticado há anos pelos selos independentes e começaram a lançar edições limitadas em LP. No ano passado, Radiohead e Amy Winehouse foram dois campeões de vendas também em vinil. As gravadoras independentes, tanto norte-americanas como inglesas, investem forte nesse formato.

A norte-americana Matador Records, por exemplo, é uma defensora do formato desde sua inauguração, há quase 20 anos. Todos os seus artistas tem seus discos lançados em vinil. O lançamento mais recente é o novo álbum do Sonic Youth "The Eternal", que será em LP duplo, com uma capa especial e custará em média 40 dólares (um verdadeiro fetiche para os colecionadores). É justamente nesse aspecto de objeto do desejo de colecionadores que as gravadoras se empenham e apostam ao lançar seus vinis, sempre com algum atrativo, seja na capa ou nos elaborados encartes.

Há pouco tempo, a Sony brasileira colocou no mercado alguns relançamentos em vinil, como Engenheiros do Hawaii "Longe Demais das Capitais" (1986), o clássico "Da Lama ao Caos" de Chico Science & Nação Zumbi" (1993), assim como João Bosco (1973), dentre outros. Mas o preço é "salgado" cerca de 90 reais cada LP, que inclui ainda a versão em CD com capinha imitando o vinil. Na verdade, o que está pegando é o preço, pois lá fora um LP simples custa em média 15 dólares (cerca de 30 reais). Para os brasileiros, o vinil representa hoje um luxo, uma peça rara somente para colecionadores.

O formato Pendrive ou USB Stick
Esse é mais um desses luxos da indústria do disco e, até agora, um formato para poucos, mais precisamente os colecionadores. Um dos mais recentes foi a coleção do Radiohead com todos os álbuns, em uma edição limitada de USB Stick de 4GB, que inclui sete discos do grupo com capas, fotos e informações em geral. O preço não é nada convidativo, 166 dólares em média.

O problema do pendrive ainda é o preço. Houve uma tentativa de algumas gravadoras inglesas em 2007 de lançarem singles neste formato, de grupos como Keane e Fratellis, o preço girava em torno de 4 libras (12 a 15 reais). Mesmo assim, o formato não pegou. Aqui no Brasil duas bandas curitibanas investiram nesse formato, mas por enquanto somente para divulgação de seus trabalhos. A pioneira foi o Terminal Guadalupe, com seu álbum "A Marcha dos Invisíveis" de 2007, e recentemente o Relespública, com o álbum "Efeito Moral".

A volta da fita cassete
Essa talvez seja a grande piada desse ano, o resgate da fita cassete e dos empoeirados Walkman da década de 80. A gravadora inglesa Domino Records resolveu lançar em edição especial de fita cassete o novo álbum da banda norte-americana Dirty Projectors. Alguns grupos independentes também resolveram aderir essa moda como os novatos do Sky Larkin. Esse é outro formato que dificilmente sobreviverá ao consumo. Um exemplo interessante é que aqui no Brasil já não se fabrica mais fita cassete e em lugares como a Rua Santa Efigenia, no centro de São Paulo, a fita virgem é vendida a preço de ouro, caso alguém consiga encontrar.

CD no formato SMD
Essa foi uma das melhores alternativas encontradas para se enfrentar a crise, mas de pouca adesão por parte das gravadoras. O formato SMD (semi metal disc, tecnologia nova, que barateia os custos, sem nenhuma perda na qualidade, possibilitando o CD ser vendido ao público pelo preço de cinco Reais.).

Isso a princípio parecia ser a salvação da lavoura, mas poucos embarcaram nessa empreitada. O independente mais recente nesse formato é o grupo pernambucano Comadre Fulozinha, que lançou em março desse ano seu terceiro disco "Vou Voltar Andando" , em formato SMD, que vem com o preço de cinco reais estampado na capa.

Diante dessas tentativas da indústria para salvar os formatos fisicos fica sempre no ar aquela pergunta, será que o download vai engolir tudo isso?

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